terça-feira, 19 de junho de 2012

Mais do mesmo...


Ah, o Rio de Janeiro... A cidade que é o purgatório da beleza e do caos, vira e mexe produz situações inusitadas. Na semana passada, o religioso conhecido como Pai Bruno foi preso por uma série de acusações. Parece que se trata de extorsão, charlatanismo e estelionato. Acusações graves para um religioso.Os umbandistas e candomblecistas que conheço vibraram. Segundo eles, esse senhor presta um mau serviço às religiões afro-descendentes, mercantilizando a fé alheia, falando em nome do Diabo, vendendo a ideia de trazer o amor perdido em três horas, isso segundo anuncio de jornal do próprio Pai Bruno. Ele virou chacota em um monte de jornais, méritos a delegada foram dados, como se agora estivéssemos livres do pária. Mas quem está alimentando esse tipo de relação com a religião?A religião não funciona como um fast-food. É necessário que você se envolva, que você se sacrifique. E quando eu falo em sacrifício, não estou falando em morte, nem em rituais. Estou falando de adotar plenamente um modo de vida. Devemos deixar de ter essa postura, classe-média barata de não nos envolvermos em nada. Quando falamos em religião, seja ela qual for, você precisa adotar seus parâmetros e dogmas de forma integral, e não adotando só as posturas que nos convém. Esse padrão classe-média rede globo está fadado ao fracasso ao se deparar com a realidade.Com relação aos clientes de Pai Bruno, eu nunca fiz uma pesquisa sobre isso, mas sempre me ocorre de que são pessoas desesperadas em busca de algo que doeu muito perder. Estão buscando soluções rápidas para problemas graves. As pessoas em desespero recorrem sim a saídas que parecem milagrosas, mas precisamos mudar a relação com a religião, a relação com Deus. Pessoas que só pedem a Deus nas horas de aperto, pessoas que só se referem a Deus na hora em que o bicho pega.Felizes estão os companheiros pela prisão de alguém que é considerado um entojo para as religiões afro. Essa felicidade parece que eu não vou ter, até porque, os que eu considero detratores do Cristianismo estão muito bem embasados, estão nas televisões e enchendo as igrejas e os bolsos.

2 comentários:

Fábio disse...

fala caro amigo, ótimo texto (novamente) onde vc diz a verdade sobre a religião que é praticada nesses dias, texto que complementa outro seu sobre religião também. abraço e temos que nos ver hora, marcar algo!

Lee disse...

Curti, mas um ponto ali me coçou a cabeça: acredito na possibilidade de uma adoção não-integral da religião. Fatorial, sabe... Pegar um pouco ali, um pouco aqui e ir nos constituindo com essas partes. Já que somos multi. Minha relação com religião é bem por aí, por exemplo, e a considero saudável. Gosto de coisas diferentes de diversas religiões, não saberia me enfiar de cabeça em somente uma (foi essa sugestão que eu senti no texto). Não que a minha forma esteja certa (o que seria o 'certo'?), mas "adotar seus parâmetros e dogmas de forma integral" pode em certos casos levar à alienação, não abrir espaços para interpretações e questionamentos - fatores que, ao meu ver, diminuem o oxigênio e podem levar à "morte" do sujeito. Sei que a sua crítica foi em cima do negativo dessa prática, saquei, sobre a classe média dissimulada interesseira, mas, achei que valesse ressaltar esse lado da questão! Enfim, ser do bem, viver respeitando o próximo, etc. independe de religião, senão o que seria dos ateus e agnósticos, né? rs. Legal o blog, bjs, Lee!